segunda-feira, 30 de julho de 2012

Áudio


  

 Quinto álbum da banda coldplay; Mylo Xyloto lançado em outubro de 2011 tem como singles "Every Teardrop Is Waterfall", "Paradise" e " Charlie Brown".
   O  Àlbum segue a linha lirica e também mais acústica, porém com algumas críticas no tocante a mudança do rock para um "quase pop" cuja a arte é inspirada na antiga escola americana de grafite (os fãs indignados, odiaram a capa e o comparam com os da xuxa).
  Considero o Viva La Vida Or Death And All His Friends (2008) melhor, mas Mylo Xyloto não deixa a desejar. Claro que houve mudanças prinicipalmente se comparado a era  X&Y (2005), como uma tentativa até de arrebatar novos fãs, até rihanna apareceu.Nem só de músicas tristes vive o rock, e levem em considerem que algumas coisas no mundo da música mudaram de 2005 a 2011 (vide Call me Maybe e Friday). 
  Como em um mix as faixas instrumentais (Mylo Xyloto,Us Against the World, M.MIX e A Hopeful Transmission) introduzem e dão continuidade a seleção de músicas.    

  Midias além do álbum: Disponível também em vinil. E agora em história em quadrinhos; Mylo Xyloto nada mais é do que; "Um jovem Silenciador nas linhas de guerra entre som e cor no mundo de Silencia. Mylo descobre que o inimigo que foi treinado para odiar pode não ser seu inimigo no fim das contas. Se tudo correr bem, vai ter muita conexão entre as pessoas que ouviram o álbum. Estou mais do que feliz com o jeito como as coisas se saíram”,  explica o roteirista da HQ Mark Osborne.                                                




domingo, 29 de julho de 2012

"Quêde meu sutaque?"

    Questão de sotaque sempre gera críticas, sempre se discute. Dessa vez quem está na berlinda é o piauiês de Chayenne (Cláudia Abreu em Cheias de Charme). O Sotaque carregado da rainha do eletroforró, gerou reclamações de piauienses  "aqui não se fala desse jeito!".  Sim realmente não falamos como a personagem por várias razões:
a) Chayzinha morava no nordeste, ao fazer sucesso mudou-se para uma mansão no sudeste, assim variando a região, variam os modos de falar. termos como "Quêde" "Pense numa..." e "Suas Curica" advindos do piauiês foram empregados para a fala da personagem. Note também que outros elementos piauienses como a culinária e a localidade de sobradinho se fazem presentes.
b) Chayzinha, é uma cantora com algum sucesso, a mansão suntuosa, joias e até o tratamento desigual das classes patroa x empregada demonstram a variação social.As diferenças  sociais e as diferenças entre grupos socioeconômicos são refletidos na linguagem, coexistindo na mesma sociedade o dialeto padrão correto, superior, e puro de caráter elitista (Na crise em que você teve que pagar uma fortuna ao fisco por você ter sonegado!? As joias eram minhas, Ernani!")  e o dialeto não padrão, considerados incorretos e inferiores, de caráter popular ("Eu vô te falá uma coisa pá tu").
c) Variantes também em niveis: lexical como em jerimum (Bahia) e abóbora (Rio de janeiro), gramátical e fonético fonológico regional como por exemplo em "vêrmelho"/ "vérmelho".
    Ofensa gratuita por algo natural como a variação linguistíca! A língua também é uma instituição social em que falantes se expressam de modos diferentes de acordo com o ambiente em que vivem, com quem vivem, como se relacionam com outros falantes e na situação em que estão inseridos podendo fazer alternância entre o caráter formal e informal da lingua. A língua é maleável e variante, porém com elementos estáveis, e até entre estes elementos estáveis mudam de classificação de acordo com os limites geográficos e territóriais; Ball,Pelota,Balle,Bal,Palla são designados para nomear o mesmo objeto: Bola. Sem mais estresse com relação a sotaques, de normativa já basta a gramática!






sábado, 28 de julho de 2012

Quem é você ??

Livre para viver, não lhe pertenço.
Por um momento, você não lembrará como me conheceu.
E tão pouco a esquina em que me esqueceu.
Sensivelmente da sua vida irei me retirando
Para buscar novos ares, novo rumo, tentar uma nova vida.
Discretamente da sua vida irei me retirando
E ao voltar naquele lugar, com as suas novas boas companhias,
Sorrindo, sendo feliz e festejando esquecerá.
Um dia relembrando
O nó na garganta apertando
Metade do meu coração não sabe o que está faltando.
Porém a outra metade reconhece, e insiste em dizer,
Que sim falta, falta você.


"Você vai lembrar, vai lembrar sim!  Você vai lembrar de mim."

O erro de Sibyl Vane


sexta-feira, 27 de julho de 2012

Verdade Essencial


Um cara que lê

Uma vez navegando pelo oceano da internet, eis que avisto este belissimo texto


Namore um cara que se orgulha da biblioteca que tem, ao invés do carro, das roupas ou do penteado. Ele também tem essas coisas, mas sabe que não é isso que vai torná-lo interessante aos seus olhos.Namore um cara que tenha uma pilha de três ou quatro livros na cabeceira e que lembre do nome da professora que o ensinou as primeiras letras.

  Encontre um cara que lê. Não é difícil descobrir: ele é aquele que tem a fala mansa e os olhos inquietos. Eleé aquele que pede, toda vez que vocês saem para passear, para entrar rapidinho na livraria, só para olhar um pouco. Sabe aquele que às vezes fica calado porque sabe que as palavras são importantes demais para serem desperdiçadas? Esse é o que lê.
  Ele é o cara que não tem medo de se sentar sozinho num café, num bar, num restaurante.
   Mas, se você olhar bem, ele não está sozinho: tem sempre um livro por perto, nem que seja só no pensamento. O rosto pode ser sério, mas ele não morde, não. Sente-se na mesa ao lado, estique o olho para enxergar a capa, sorria de leve. É bem fácil saber sobre o quê conversar. Diga algo sobre o Nobel do Vargas Llosa. Fale sobre sobre as novas traduções que andam saindo por aí. Cuidado: certos best-sellers são assunto proibido. Peça uma dica. pergunte o que ele está lendo –e tenha paciência para escutar, a resposta nunca é assim tão fácil.
  Namore um cara que lê, ele vai entender um pouco melhor seu universo, porque já leu Simone, Clarice e –talvez não admita– sabe de memória uns trechos de Jane Austen. Seja você mesma, você mesmíssima, porque ele sabe que são as complicações, os poréns que fazem uma grande heroína. Um cara que lê enxerga em você todas as personagens de todos os romances.
  Um cara que lê não tem pressa, sabe que as pessoas aprendem com os anos, que qualquer um dos grandes tem parágrafos ruins, que o Saramago começou já velho, que o Calvino melhorou a cada romance, que o Borges pode soar sem sentido e que os russos precisam de paciência.
  Um namorado que lê gosta de muita coisa, mas, na dúvida, é fácil presenteá-lo: livro no aniversário, livro no Natal, livro na Páscoa. E livro no Dia das Crianças, por que não? Um cara que lê nunca abandonará uma pontinha de vontade de ser Mogli, o menino lobo.

  E você também ganhará um ou outro livro de presente. No seu aniversário ou no Dia dos Namorados ou numa terça-feira qualquer. E já fique sabendo que o mais importante não é bem o livro, mas o que ele quis dizer quando escolheu justo esse. Um cara que lê não dá um livro por acaso. E escreve dedicatórias, sempre.
  Entenda que ele precisa de um tempo sozinho, mas não é porque quer fugir de você. Invariavelmente, ele vai voltar –com o coração aquecido– para o seu lado. Demonstre seu amor em palavras, palavras escritas, falas pausadas, discursos inflamados. Ou em silêncios cheios de significados; nem todo silêncio é vazio.
  Ele vai se dedicar a transformar sua vida numa história. Deixará post-its com trechos de Tagore no espelho, mandará parágrafos de Saint-Exupéry por SMS. Você poderá, se chegar de mansinho, ouví-lo lendo Neruda baixinho no quarto ao lado. Quem sabe ele recite alguma coisa, meio envergonhado, nos dias especiais. Um cara que lê vai contar aos seus filhos a História Sem Fim e esconder a mão na manga do pijama para imitar o Capitão Gancho.
  Namore um cara que lê porque você merece. Merece um cara que coloque na sua vida aquela beleza singela dos grandes poemas. Se quiser uma companhia superficial, uma coisinha só para quebrar o galho por enquanto, então talvez ele não seja o melhor. Mas se quiser aquela parte do “e eles viveram felizes para sempre”, namore um cara que lê.

                                                              Ou, melhor ainda namore um cara que escreve.

quinta-feira, 26 de julho de 2012


Que diga Kristen Stewart...


A mulher do coronel #Ensaio

"Moça solteira é para esperar marido, sabendo coser, tocar piano e dirigir a cozinha."

   Na ilhéus cravo e canela (e cacau) de 1925 o progresso coexistia com os costumes antigos da cidadezinha baiana. Sob a guarda dos coronéis, estavam a política e  as mulheres. Estas últimas tinham pouca partcipação social, aparecendo apenas em compromissos religiosos como as festas da igreja  e missas para cumprir a imagem de mulher do coronel. Na sociedade patriarcal (ilheense), tudo girava em torno do senhor de terras, o pai de familía, o "marido" justo.
   Jorge Amado retrata em Gabriela: cravo e canela, o tratamento dado as mulheres em tempos de coronelismo. Totalmente dependentes dos homens deveriam obedecê-lo e respeitá-los antes de tudo, mesmo sabendo de suas relações extraconjugais nas noites do bataclan. Amantes assim como esposas e as suas plantações de cacau eram propriedades particulares e intransferiveis!! Traição era inadimissivel! Manchava a honra do marido, e honra de homem enganado só com sangue poderia ser lavada. Esse sim erao cabra macho! Depois da honra lavada, os julgamentos sempre absolviam, o marido ultrajado. Era justo o acerto de contas!
   A lei inexorável, valia também para as futuras gerações. As filhas eram introduzidas "no colégio de freiras ,no círculo de bordar, na cozinha a cozinhar, na arrumação a arrumar e na missa a confessar. O marido no perfume, nas roupas e até no dormir a mandar."  Pobre Malvina!
Porém resquicios do tratamento de submissão ainda existem. Na decada de 1980 os homens (não mais coronéis) ainda podiam lavar sua honra com o sangue, matar por honra e "punidos" com absolvição e em casos "extremos" com penas simbólicas. Por medo, e pelo direito legitimo do senhor da casa matar as denúncias eram mal registradas nas delegacias.
   Com o progresso do movimento feminista, após a gota d´água foi aprovada uma lei que coibisse as agressões domésticas - a lei Maria da Penha. Essa e outras conquistas provocaram a ira machista, como já dizia Doutor Mauricio (o coronel); "Tudo isso é resultado da degeneração do costumes que começa a imperar em nossa terra."  Uma conversa resume-se a socos, pontapés e a tiros que figuram em números estatisticos de violência. Apesar das denúncias aumentarem, segundo dados nem sempre providências são tomadas.
  A figura do coronel ficou na história, porém os costumes patriarcais advindo não só da Ilhéus representada no romance de Amado, como de todo o histórico de submissão feminino, infelizmente ainda se fazem presentes na sociedade, que todos os dias assiste e é protagonista a inovações em todos os sentidos (tecnológicos, midiáticos, etc..)  inclusive no tratamento bruto com o próximo.

"Essa terra d Ilhéus, sua terra está longe de ser civilizada."




Dois retratos para Dorian Gray

  Nem sempre assistir um filme baseado em um clássico da literatura vai te ajudar em um resumo. Nem sempre adaptações representam fielmente a obra de referência. Nesse sentido o enredo original pode ser expandido, ganhar novos personagens, perder algumas passagens ou até maior parte da obra (em caso de reinvenção). Um exmplo é o caso do clássico O retrato de Dorian Gray de Oscar Wilde, fora adaptado por Oliver Parker.
Em 112 minutos de filme, fiz análise de alguns pontos e permita caro leitor expresá-los neste post.

Qualquer semelhança de alguns aspectos do filme com os da série crepusculo são mera referência: Ben Barnes, ator galã (um quê de Robert Pattinson) que fazendo caras e bocas tenta ´dar expressão a um Dorian atormentado. Também a utilização desnecessária  de sangue em algumas partes do filme. Nada contra utilizar elementos atuais, para adaptação contanto que mantenha o enredo original da obra, dando inclusive uma vida nova ao clássico e uma aproximação a um novo público.

Olhos do demônio: Na obra original, fausto foi apenas uma recorrência utilizada por Wilde, às margens para expressar o desejo que Dorian tinha de ficar para sempre jovem, Parker ressalta o caráter diabólico na má influência rondando o personagem e  sobretudo ao final do filme e que o retrato do jovem se transforma em um demônio. Além do sobrenatural, da grande mansão sombria, do sotão da tortura, e dorian morrendo nas chamas em um  incêndio (Oh, perdões contei o final do filme! Como prêmio de consolação leia o livro)

In a hopeless place: caro leitor não estou viajando! mas algo naquele bacanal que me lembra a cenas de loucura e desregramento do clipe de Rihanna (We Found Love) talvez a sobreposição das cenas com drogas, sexo e tambores africanos. Sensualizou demais, explicitou a homossexualidade e  a prostituição apenas sugeridos no livro.

Maximize, minimize: Sibyl Vane fora minimizada, a "maldade" de lorde Henry fora ampliada, Basil fora esquartejado posto em um baú e jogado no rio (Tanto trabalho!)

Creio que a real mensagem de como a estética influência a moral, e também como as influências positivas e negativas agem e determinam a moral não foram abordadas. Ao que me parece faltou algo, sim faltou o retrato único de Dorian Gray pintado por Wilde. O que ficou em decepcionantes 112 minutos de filme foram dois retratos discrepantes de um magnifico clássico!

" Existem adaptações boas e ruins, Eis tudo."




Recomendo: O Retrato de Dorian Gray (Edição Bilingue)
                     Oscar Wilde - Editora Landmark - 240 págs